quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Outono
Poema" O Outono "
Outono tempo de escola.
Outono partida das andorinhas.
Outono apanha das maçãs.
Outono: azul, branco, cinzento. Assim se põe o céu.
Outono começam as folhas das árvores a cair.
Outono folhas amareladas, roxas, castanhas, vermelhas, alaranjadas.
Outono árvores despidas, arbustos secos.
Outono descasca-se o marmelo, faz-se a marmelada e a geleia.
Outono: secos figos, doce de amora, apanha da romã.
Outono o homem faz a lenha.
Outono chuva, vento, trovoadas.
Outono dias nublados.
Outono do guarda-chuva, do guarda-fatos: casacos de lã, botas, luvas, gorros, cachecóis.
Outono, tempo de caça e espreitar cogumelos no campo.
Outono tempestades recolha em casa.
Outono, magusto, São Martinho, fogueira, castanha e vinho novo.
Outono geadas, matança do porco.
Outono fumeiro, alheiras, alcaparras.
Outono, terminas com avelãs.
Poema do Outono / alunos da turma E 3º e 4º anos
EB 1 de Carrazeda de Ansiães
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Para partilhar...
Depois de várias horas de trabalho é agradável fazer-se algo que nos ajude a aliviar a carga de tarefas que tivemos que cumprir. Partilhem com os vossos alunos esta bela poesia que retrata o início do Outono de Matilde Rosa Araújo.
BALADA DAS VINTE MENINAS FRIORENTAS
Vinte meninas, não mais,
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Vinte meninas, não mais,
Eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
Vestidinho azul escuro.
As minhas vinte meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Chegaram na Primavera
E acenaram lá dos céus.
As minhas vinte meninas
Dormiam quentes num ninho
Feito de amor e de terra,
Feito de lama e carinho.
As minhas vinte meninas
Para o almoço e o jantar
Tinham coisas pequeninas,
Que apanhavam pelo ar.
Já passou a Primavera
Suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
Pois foram mães, as meninas!
Eram ovos redondinhos
Que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
E asinhas para voar.
Já não são vinte meninas
Que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois oitenta meninas
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Mas as oitenta meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Em certo dia de Outono
Perderam-se pelos céus.
Matilde Rosa Araújo
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Um novo ano!
Começou hoje 1 novo ano lectivo. Votos de bom trabalho para todos. Fica para nossa 1ª postagem este poema da nossa colega já desaparecida, Maria Rosa Colaço.
(Musicado por Trovante nos álbuns Baile no Bosque, 1981 e Aula Magna, 1983)
Outra margem
E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?
Vinham p`rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.
Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p`ra escola. O que esperavam?
Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p`rá escola: a novidade.
E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.
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